Houve uma época em que a expansão comercial da Europa andava de mãos dadas com a catequização dos povos recém-conquistados da América. A as...

Houve uma época em que a expansão comercial da Europa andava de mãos dadas com a catequização dos povos recém-conquistados da América. A assimilação da cultura do conquistador pelos conquistados fazia parte dos planos das Coroas Ibéricas para este continente, pois assim facilitaria e muito a tarefa dos ávidos e ambiciosos recém-chegados. Era um momento de grandes novidades, tanto do lado indígena quanto do lado europeu, e o encontro dos conquistadores com outras culturas e etnias foi permeada da ideia etnocêntrica de superioridade. Os portugueses acharam que sua cultura era superior e seria portanto natural salvar os pobres indígenas da “barbárie”, impondo-lhes a “verdadeira” crença na Cruz de Cristo.
A persistente batalha contra a intolerância religiosa

Isso foi no século XVI, mas ao longo do tempo, a ideia de superioridade racial, cultural ou religiosa seguiu firme pelo menos até que a Sociologia, a História, a Antropologia e a Biologia contestassem essa ideia, já a partir do final do século XIX. E quando parecia que as coisas caminhariam para uma certa normalidade, lá está de novo a Igreja apoiando as ideias típicas que pareciam já ultrapassadas de superioridade racial e cultural através do nazi-fascismo na década de 1920.
Ao custo de milhões e milhões de vidas, mais uma vez foram derrotadas tais ideias em meados do século XX. Mas tal como uma barata que insiste em sobreviver a cada nova chinelada, essas ideias rasteiras teimam em ressurgir de tempos em tempos.
A radicalização das igrejas evangélicas no Brasil
No caso do Brasil, essa nova radicalização religiosa é levada a cabo não pelos católicos, mas por seitas protestantes neopentecostais que conduzem demonstrações diárias de intolerância, ódio e desrespeito às culturas, práticas e crenças diferentes das que elas acham que são as certas. O que vem acontecendo no Mato Grosso do Sul com os índios é um pequeno exemplo desse absurdo, que não é nada menos do que um genocídio cultural.

Os 25 mil índios da região que ainda resistem a todo tipo de abandono por parte do governo e de ataques, seja dos grandes latifundiários, seja dos exploradores das riquezas minerais das suas terras, ainda têm que conviver com os novos fanáticos religiosos das 36 igrejas protestantes que andam satanizando suas crenças e sua cultura, queimando-lhes os templos criminosamente. Isso é muito grave, e é o começo de uma radicalização religiosa no Brasil que precisa ser cortada logo na raiz antes que seja tarde demais.
Só a Educação salva
Respeito e tolerância é uma coisa que só floresce onde há Educação, e o Brasil é falho historicamente nesse aspecto, tornando-se um campo fértil para essas seitas pentecostais e suas práticas condenáveis. Além de agir para conter esses atos ridículos de imposição de uma visão religiosa de mundo a todo um país em pleno século XXI, o governo precisa urgentemente começar a punir com cadeia quem pratica crimes como essas demonstrações de irracionalidade e intolerância contra os indígenas. Além disso, essas Igrejas estão sendo construídas em área federal sem autorização. Está na hora de se tomar uma providência urgente. Não estamos mais no século XVI.