Mamute de Berezovka, empalhado com a pele do original na posição em que foi encontrado, Museu de Zoologia de São Petersburgo No fina...
Mamute de Berezovka, empalhado com a pele do original na posição em que foi encontrado, Museu de Zoologia de São Petersburgo
No final do ano passado, um garoto russo de 11 anos encontrou na tundra de Taimir, no norte da Sibéria, o corpo preservado de um mamute que viveu na região há 10 mil anos. Não tão preservado, porém, quanto outro que foi achado ali perto, na região de Berezovka, em 1901, cujo excepcional estado de conservação suscitou enormes enigmas na cabeça dos especialistas em climatologia e em paleologia.
Outros mamutes já tinham sido descobertos antes, no Alasca e no norte do Canadá, mas o que tornou o “Mamute de Berezovka” tão intrigante para os pesquisadores foram alguns detalhes inexplicáveis a seu respeito: seu estado de preservação era tão bom que só um congelamento instantâneo e violento a -100°C teria sido capaz de realizá-lo, como se houvesse sido mergulhado em nitrogênio líquido, a ponto da carne fresca ainda poder ser comida por alguns cientistas corajosos no momento do seu achado. Além disso, o mamute foi encontrado meio em pé, meio ajoelhado, o que mostra que sua morte se deu antes que seu corpo chegasse a cair no chão. Outras espécies de animais também foram sendo encontradas com sinais de morte instantânea por congelamento na Sibéria tempos depois. O que aconteceu naquela época para causar esse fenômeno?
A coisa fica ainda mais misteriosa porque o grande mamute morreu no momento em que comia sossegadamente e na sua boca foram encontrados vegetais que só germinam em regiões temperadas, ou seja, muito mais ao sul de onde foi encontrado. Seria como se o mamute interrompesse sua refeição e corresse loucamente milhares de quilômetros para o norte da Sibéria para morrer quase em pé e de forma instantânea! Os cientistas, é claro, preferem encontrar uma resposta mais satisfatória do que essa...
Alguns pesquisadores independentes tentam oferecer explicações ousadas para esse fenômeno relacionando-o a outros casos que aconteceram na mesma época. Uma das hipóteses levantadas sugere que, por volta de 10 mil anos atrás, algum evento externo causou uma mudança brusca no eixo de rotação da Terra, como um grande asteroide ou outro corpo celeste passando perto demais do planeta, interferindo na sua gravidade. Esse fenômeno teria agitado violentamente o magma no interior da Terra, causando grandes terremotos e ativando vulcões por todo o planeta, cujas cinzas se concentraram, aos poucos, nos polos, sendo congeladas e transformando subitamente o dia em noite, caindo sobre a Sibéria a -100°C. Segundo o escritor e pesquisador independente português Roberto Pereira,
O quadro fica, então mais fácil de imaginar. Chegando às regiões setentrionais do planeta, a poeira subitamente escurece o sol. Os animais, que naquela época pastavam nas planícies [ainda] verdejantes do Alasca, do Norte do Canadá e da Sibéria, olham espantados para a noite que chega de repente. E pouco depois são atingidos pelos ventos supergelados provocados pelas poeiras vulcânicas que caem do céu. Os animais sentem o ar frio queimar seus olhos e pulmões, e em segundos estão mortos enrijecidos nas posições em que estavam. Horas depois o vento diminui, mas durante semanas cai do céu poeira e neve que, lentamente, recobre os corpos congelados dos animais que, como estátuas geladas, acabam sendo totalmente cobertas. A mudança do eixo da Terra alteraria também o clima da Sibéria – e isso ajudaria a conservar, praticamente intactos, os animais durante os milênios seguintes.
Não é difícil imaginar que isso tivesse realmente acontecido. Basta lembrar das estátuas humanas mortas quase instantaneamente com as cinzas do Vesúvio em Pompeia – claro que, sem o gelo do polo norte para conservar seus corpos a temperaturas baixíssimas, seus tecidos petrificaram.
Alguns outros pesquisadores vão mais além e afirmam que este mesmo evento que causou a mudança no eixo de rotação da Terra foi o responsável pelo relato de grandes dilúvios em diversas culturas do passado, e até da queda de Atlântida. Mas apesar da ciência oficial aceitar que o eixo da Terra pode mudar de tempos em tempos, ainda não há como comprovar e ligar estes fatos, de modo que a morte súbita de mamutes na Sibéria ainda não tem respostas satisfatórias.
__________________________
Fontes:
Criança descobre mamute no extremo norte da Rússia
O Enigma dos Mamutes da Sibéria
Pereira, Roberto e Lisboa, Carlos Luiz - Grandes Enigmas da Humanidade - Editora Vozes de Petrópolis
BERLITZ, Charles. O Livro dos Fenômenos Estranhos. [s. l.]: BestSeller, 1988.