Quando eu digo que sou ateu e cético, mas que defendo a existência de extraterrestres, muitas pessoas franzem a testa e dizem: “Mas isso não...
Quando eu digo que sou ateu e cético, mas que defendo a existência de extraterrestres, muitas pessoas franzem a testa e dizem: “Mas isso não é uma contradição?!” Certamente essas pessoas encaram a Ufologia como a apresentada neste presente post. Se a primeira parte dessa trilogia tratou da forma científica de encarar o fenômeno extraterrestre, essa segunda parte vai mostrar a forma mística de entender a Ufologia, sintetizada naquilo que é conhecida como “ufologia espiritual”.
Pluralidade dos mundos habitados.
Allan Kardec foi aquele que moldou a doutrina espírita em meados do século XIX através do Livro dos Espíritos, e sua religião talvez seja a primeira a reconhecer a existência de seres extraterrestres. Bem em consonância com a ideia de Progresso, bastante em voga naquela época, Kardec acreditava que o Universo era habitado por seres em diferentes estágios de desenvolvimento, e que a Terra e seus habitantes nada tinham de especial com relação a estas outras “moradas”. Pelo contrário, os outros planetas do sistema solar, por exemplo, seriam habitados por seres espirituais muito mais avançados do que nós.
A doutrina espírita muitas vezes se gaba de ser uma religião com bases científicas. Mas ao contrário do exemplo que apresentamos na primeira postagem — verdadeiramente científico — que é cauteloso devido à falta de provas, a doutrina espírita se baseia na mediunidade e na psicografia para apresentar todo um corpo teórico sobre os espíritos e sobre os extraterrestres. Mas como se vê, tais bases não têm nada de científicas, e portanto não nos servem como evidências claras e inequívocas de extraterrestres. Esse tipo de crença está puramente baseado na fé, e conectado com a ufologia espiritual, faz o estudo dos casos ufológicos se assemelharem em muito a uma doutrina religiosa.
Projeto Portal, ufologia da Nova Era
Urandir Fernandes de Oliveira (imagem) é sem dúvida alguma o mais polêmico ufólogo brasileiro. Combatido e rejeitado pelos seus próprios colegas como charlatão, por fabricar eventos grosseiros atribuídos a extraterrestres, ele também se define como “paranormal” e já foi preso acusado de charlatanismo, estelionato e curandeirismo.
Urandir é a prova viva de que qualquer pessoa mal intencionada pode se lançar na aventura de criar uma seita mística ou uma religião para enganar outras pessoas, abusando de sua vontade de acreditar. Nesse caso, ele usa a ufologia espiritual para atingir seus fins. Ele alega possuir poderes especiais a ele repassados por extraterrestres, e seus seguidores — pasmem, eles são milhares — se reúnem em torno do Projeto Portal.
Em 2010 Urandir e sua turma foram protagonistas de uma das tramas mais burlescas da Ufologia: com o apoio de uma mídia cujo nível rasteiro nós conhecemos, popularizou o chamado ET Bilu em rede nacional, ajudando a levar a credibilidade do assunto a quase zero.
Na falta de um maior rigor na pesquisa e nos critérios científicos, a ufologia espiritualista permite que eventos ainda não muito bem compreendidos como o dos extraterrestres se tornem alvo de explicações duvidosas, descrédito e misticismo, o que é ainda pior. Nesse aspecto, a Ufologia não se diferencia em nada de uma crença religiosa.
No próximo post vamos ver a terceira e última maneira de se encarar a ufologia.
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