Arthur Schopenhauer, bem como seu admirador Nietzsche, é daqueles filósofos que dariam um filme repleto de dramas como o do artista plást...
Arthur Schopenhauer, bem como seu admirador Nietzsche, é daqueles filósofos que dariam um filme repleto de dramas como o do artista plástico Modigliani (Hollywood adora personagens trágicos da vida real). Sua mente inquieta, alguns fracassos e seus problemas pessoais como a depressão o levaram a passar quase trinta anos em companhia apenas de seu cachorrinho de estimação. Em consequência, uma filosofia repleta de melancolia sobre a condição humana. O filósofo Martin Cohen lança dois questionamentos baseados nestas concepções filosóficas pessimistas de Schopenhauer. Vamos a elas.
Cohen afirma que o filósofo não consegue, de fato, se interessar por problemas realmente pertinentes à filosofia, e de uma maneira um tanto jocosa, diz que Schopenhauer só consegue pensar em sexo, tentando integrá-la à sua filosofia. É o impulso sexual como foco da vontade, como viria a dizer. Schopenhauer acrescenta, bem à sua maneira, que o amor é meramente “a expressão da necessidade da espécie de se reproduzir”. Desta forma a função de passar os genes adiante é cumprida. Martin Cohen questiona em seu livro: “será que isto pode ser verdade?”
O autor afirma que, no entanto, Schopenhauer teve que adaptar esta lógica para abranger o seu próprio caso, o de Platão e o dos budistas, já que obviamente não se encaixavam nela. Eles seguiam por um outro caminho, superando o mecanicismo do amor e da reprodução, vivendo uma vida de contemplação da realidade, vendo o mundo “de fora”, “sem empenho e sem sofrimento”.
O autor lança outra questão: uma vida de contemplação solitária é realmente melhor do que a companhia social – até mesmo o amor?
São perguntas difíceis de responder, e que, acredito, tenham muitas respostas diferentes. Quantas vezes já estive inclinado a me sentir um peixe fora d’água, incompreendido nesta sociedade com ideias e valores tão diferentes das minhas. Nestas ocasiões a solidão sempre me pareceu a melhor companhia, momento em que eu poderia refletir, tentar compreender todas as minhas inquietações. Mas em outros momentos, o convívio, o calor dos relacionamentos era a coisa mais importante, nada de reflexões e sim a satisfação de estar amando alguém, sem querer saber se o amor é um impulso mental para levar à reprodução da espécie ou seja lá o que for. Eu penso que, como em quase todas as outras situações (desde que não sejam mutuamente excludentes, como ciência e religião), pelo menos pra mim, o ideal é a conciliação das duas coisas. Gosto de ter meus momentos de sociabilidade, bem como meus momentos de solidão reflexiva. Nada de extremos como uma vida supérflua de farras e nem o isolamento total como o de Schopenhauer. Além de viver, eu gosto de pensar. Se eu tiver meu tempo para cada uma destas tarefas, eu posso dizer que estou satisfeito.
Fontes:
COHEN, Martin. 101 problemas de filosofia. São Paulo: Loyola, 2006.
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,influencias-de-schopenhauer,614914,0.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Schopenhauer