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O capitalismo global
Talvez esta seja a proposta que mais faz os críticos do novo modelo o acusarem de ser meramente uma proposta neoliberal disfarçada, tendo em vista que está perfeitamente de acordo com o mercado livre globalizado, do fim do Estado nacional e consequentemente de quaisquer tipos de barreiras à circulação de bens, serviços e capital. Infelizmente a mão-de-obra, um dos pilares do capitalismo, não goza dos mesmos privilégios de livre circulação, tendo em vista a crescente onda de xenofobia nos EE. UU. e na Europa que impede trabalhadores de buscar emprego livremente onde houver oferta.
Esta proposta de capitalismo sem fronteiras para bens e capital - que se convencionou chamar de globalização - é muito boa para quem inventou a brincadeira e saiu na frente no desenvolvimento de sua economia e com isso conseguiu dominar (à força em grande parte da história do capitalismo) enormes fatias do mercado internacional, mas desaconselhável para países emergentes, dentre os quais o Brasil. Esta crítica também se ajusta a outra proposta apresentada no livro:
A integração entre estado e economia ou mercado e tendência à hegemonia do mercado
A última grande crise do sistema financeiro mundial em 2008 não deixa nenhuma dúvida quanto a inviabilidade da proposta neoliberal/pós-moderna de hegemonia de mercado. Não fossem os "malfadados e indesejáveis" Estados nacionais e seu intervencionismo na economia a socorrer os apregoadores do estado mínimo, e este sistema estaria definitivamente enterrado como impráticavel, não obstante a cantilena dos banqueiros e empresários.
O indivíduo humano com irônico, cínico, fragmentado e esquizofrênico
José Camilo afirma que esta é a visão que se tem do sujeito humano na pós-modernidade, e que seria papel da Universidade, bem como de outras instituções da sociedade, de salvá-lo e "construir alguma forma de humanismo satisfatório aos tempos pós-modernos e alguma forma de utopia que dê significado a vida humana".
É muito difícil que haja defesa para qualquer paradigma que admita que o indivíduo necessite ser salvo dos efeitos nocivos da sociedade que ela mesma apoia. Há de se entender o motivo de um indivíduo tão esquizofrênico, ultraindividualista , e portanto, fragmentado do convívio social comum. Pois este é justamente o produto de uma sociedade esquizofrênica, fragmentada e cínica. Logicamente que não é papel das universidades salvar este tipo de indivíduo; é papel da universidade combater propostas que levam o indivíduo a este estado. Assim talvez seja mais fácil cumprir as duas próximas propostas apontadas no livro por José Camilo:
Humanização do mundo em todas as dimensões e complementaridade entre alta cultura e baixa cultura
Estas são propostas que eu também defendo. Desde que, obviamente, isto não signifique um nivelamento por baixo entre as produções culturais populares e eruditas.
O autor afirma que "o mundo pós-moderno já não reconhece a superioridade da alta cultura ou da cultura clássica sobre a cultura popular". Nada mais justo, tendo em vista que o gosto pelas artes é um fator altamente subjetivo e não se deve guiar por modelos dados ou status. A única ressalva que eu faço é que este fator não faz parte do "mundo pós-moderno", seja lá que mundo for este, e sim um processo de amadurecimento de ideias e comportamentos, já referido anteriormente como naturais da modernidade.
Por fim a prpoposta que eu pretendo me ater com maior cuidado, pois guarda relação direta com minha área (história).
A queda do sujeito e a nova concepção de tempo e de história
Eu acredito que a história esteja passando por uma fase de reafirmação
no momento atual. Uma fase de questionamentos dos seus métodos e suas
finalidades, em que um novo modelo se apresenta como resposta às
supostas deficiências do paradigma moderno, como vem sendo apresentado até aqui.
Eu acredito que o ponto central da polêmica entre os defensores da ala
moderna, que Ciro Cardoso chama de ‘Iluminista”, e dos adeptos da
pós-modernidade, passa pela importância cada vez maior que se dá nos
últimos tempos aos fatores linguagem/símbolos como meios de se
perceber a realidade. Os pós-modernos afirmam que a realidade não existe
fora da linguagem, por isso deslocam o interesse antes focado na época
histórica, no meio social, para o texto e o discurso. Esta linha
introduz o símbolo, a linguagem, no clássico dilema binário
sujeito-objeto, como intermediários entre eles. Já neste esquema, a
realidade-objeto não se daria por si, mas seria apreendida pelo
sujeito-observador através da referência simbólica, o referente
encontrar-se-ia modulado pelo discurso. Isto implica dizer que não há
realidade objetiva fora da linguagem, fora do discurso e do texto. O
discurso ganha realidade e autonomia, de modo que não há mais história, e
sim histórias, num processo que leva facilmente ao relativismo tanto
quanto ao subjetivismo exacerbado. É neste ponto que eu começo a
desconfiar do paradigma pós-moderno. Ao abrir mão de um rigor maior
metodológico e teórico, de uma explicação que abranja uma história geral
e não regional ou de grupos, ela acaba caindo na sua própria armadilha,
servindo a interesses de grupos, inclusive políticos.
Neste momento eu me permito estar ao lado dos defensores da
racionalidade, e da história como ciência, na sua busca infinita pela
verdade, através das verdades parciais objetivas, além de defender o que
Adam Schaff e depois Ciro Cardoso chamam de “teoria modificada do
reflexo”, que reconhece a ação inevitável do sujeito sobre o objeto, ao mesmo tempo que reconhece que o objeto-realidade existe fora do sujeito, independentemente dele.
Assim como Ciro, acredito que alguns dos pressupostos pós-modernos
vieram pra ficar, como o alargamento dos objetos de estudo do
historiador, como o feminismo, o movimento homossexual, o movimento negro, etc.
Mas que tudo o mais a esse respeito, de acordo com Hobsbawn, não passa
de “nouvelle vague” e a história enquanto forma de explicar
racionalmente a realidade do passado ainda terá uma longa estrada pela
frente.
O capitalismo global
Talvez esta seja a proposta que mais faz os críticos do novo modelo o acusarem de ser meramente uma proposta neoliberal disfarçada, tendo em vista que está perfeitamente de acordo com o mercado livre globalizado, do fim do Estado nacional e consequentemente de quaisquer tipos de barreiras à circulação de bens, serviços e capital. Infelizmente a mão-de-obra, um dos pilares do capitalismo, não goza dos mesmos privilégios de livre circulação, tendo em vista a crescente onda de xenofobia nos EE. UU. e na Europa que impede trabalhadores de buscar emprego livremente onde houver oferta.
Esta proposta de capitalismo sem fronteiras para bens e capital - que se convencionou chamar de globalização - é muito boa para quem inventou a brincadeira e saiu na frente no desenvolvimento de sua economia e com isso conseguiu dominar (à força em grande parte da história do capitalismo) enormes fatias do mercado internacional, mas desaconselhável para países emergentes, dentre os quais o Brasil. Esta crítica também se ajusta a outra proposta apresentada no livro:
A integração entre estado e economia ou mercado e tendência à hegemonia do mercado
A última grande crise do sistema financeiro mundial em 2008 não deixa nenhuma dúvida quanto a inviabilidade da proposta neoliberal/pós-moderna de hegemonia de mercado. Não fossem os "malfadados e indesejáveis" Estados nacionais e seu intervencionismo na economia a socorrer os apregoadores do estado mínimo, e este sistema estaria definitivamente enterrado como impráticavel, não obstante a cantilena dos banqueiros e empresários.
O indivíduo humano com irônico, cínico, fragmentado e esquizofrênico
José Camilo afirma que esta é a visão que se tem do sujeito humano na pós-modernidade, e que seria papel da Universidade, bem como de outras instituções da sociedade, de salvá-lo e "construir alguma forma de humanismo satisfatório aos tempos pós-modernos e alguma forma de utopia que dê significado a vida humana".
É muito difícil que haja defesa para qualquer paradigma que admita que o indivíduo necessite ser salvo dos efeitos nocivos da sociedade que ela mesma apoia. Há de se entender o motivo de um indivíduo tão esquizofrênico, ultraindividualista , e portanto, fragmentado do convívio social comum. Pois este é justamente o produto de uma sociedade esquizofrênica, fragmentada e cínica. Logicamente que não é papel das universidades salvar este tipo de indivíduo; é papel da universidade combater propostas que levam o indivíduo a este estado. Assim talvez seja mais fácil cumprir as duas próximas propostas apontadas no livro por José Camilo:
Humanização do mundo em todas as dimensões e complementaridade entre alta cultura e baixa cultura
Estas são propostas que eu também defendo. Desde que, obviamente, isto não signifique um nivelamento por baixo entre as produções culturais populares e eruditas.
O autor afirma que "o mundo pós-moderno já não reconhece a superioridade da alta cultura ou da cultura clássica sobre a cultura popular". Nada mais justo, tendo em vista que o gosto pelas artes é um fator altamente subjetivo e não se deve guiar por modelos dados ou status. A única ressalva que eu faço é que este fator não faz parte do "mundo pós-moderno", seja lá que mundo for este, e sim um processo de amadurecimento de ideias e comportamentos, já referido anteriormente como naturais da modernidade.
Por fim a prpoposta que eu pretendo me ater com maior cuidado, pois guarda relação direta com minha área (história).
A queda do sujeito e a nova concepção de tempo e de história
Eu acredito que a história esteja passando por uma fase de reafirmação
no momento atual. Uma fase de questionamentos dos seus métodos e suas
finalidades, em que um novo modelo se apresenta como resposta às
supostas deficiências do paradigma moderno, como vem sendo apresentado até aqui.
Eu acredito que o ponto central da polêmica entre os defensores da ala
moderna, que Ciro Cardoso chama de ‘Iluminista”, e dos adeptos da
pós-modernidade, passa pela importância cada vez maior que se dá nos
últimos tempos aos fatores linguagem/símbolos como meios de se
perceber a realidade. Os pós-modernos afirmam que a realidade não existe
fora da linguagem, por isso deslocam o interesse antes focado na época
histórica, no meio social, para o texto e o discurso. Esta linha
introduz o símbolo, a linguagem, no clássico dilema binário
sujeito-objeto, como intermediários entre eles. Já neste esquema, a
realidade-objeto não se daria por si, mas seria apreendida pelo
sujeito-observador através da referência simbólica, o referente
encontrar-se-ia modulado pelo discurso. Isto implica dizer que não há
realidade objetiva fora da linguagem, fora do discurso e do texto. O
discurso ganha realidade e autonomia, de modo que não há mais história, e
sim histórias, num processo que leva facilmente ao relativismo tanto
quanto ao subjetivismo exacerbado. É neste ponto que eu começo a
desconfiar do paradigma pós-moderno. Ao abrir mão de um rigor maior
metodológico e teórico, de uma explicação que abranja uma história geral
e não regional ou de grupos, ela acaba caindo na sua própria armadilha,
servindo a interesses de grupos, inclusive políticos.
Neste momento eu me permito estar ao lado dos defensores da
racionalidade, e da história como ciência, na sua busca infinita pela
verdade, através das verdades parciais objetivas, além de defender o que
Adam Schaff e depois Ciro Cardoso chamam de “teoria modificada do
reflexo”, que reconhece a ação inevitável do sujeito sobre o objeto, ao mesmo tempo que reconhece que o objeto-realidade existe fora do sujeito, independentemente dele.
Assim como Ciro, acredito que alguns dos pressupostos pós-modernos
vieram pra ficar, como o alargamento dos objetos de estudo do
historiador, como o feminismo, o movimento homossexual, o movimento negro, etc.
Mas que tudo o mais a esse respeito, de acordo com Hobsbawn, não passa
de “nouvelle vague” e a história enquanto forma de explicar
racionalmente a realidade do passado ainda terá uma longa estrada pela
frente.