Moisés abrindo o Mar Vermelho Recentemente, um grupo de pesquisas atmosféricas da Universidade de Colorado, EUA, nos apresentou mais...
Recentemente, um grupo de pesquisas atmosféricas da Universidade de Colorado, EUA, nos apresentou mais uma “prova” de que Moisés teria de fato aberto o Mar Vermelho, como descrito na Bíblia. Não é a primeira tentativa de dar explicação para o mito, sendo que outras “explicações” foram apresentadas anteriormente, como a violenta erupção de um vulcão, que teria causado o recuo das águas para que depois voltassem num rompante tsunami. A nova explicação saiu no site da História Viva, sendo que a articulista da página digital da revista, Graziella Betting, chega a afirmar: “a ciência moderna pode não fazer milagres, mas pelo menos consegue explicar alguns deles”. O que isso representa?
A meu juízo, matérias desse tipo mereceriam um maior rigor científico. Ao lançar esse tipo de afirmação, a jornalista, e também tradutora, parte do pressuposto de que milagres existem. E que o grupo de pesquisa teria conseguido explicá-lo, dando margem para que religiosos possam agora dizer equivocadamente: “olha aí, a ciência comprovando o milagre, o que me diz agora?”
Primeiro, que a ciência não comprova milagre nenhum. O que a pesquisa mostra, é que ventos de 100km são capazes de mover águas com “quase dois metros de profundidade”. Ok. Mas essas águas não seriam capazes de engolir o exército do faraó. No refluxo, elas não poderiam vir como um paredão de águas que se fecham sobre as cabeças dos soldados e sim lentamente, como uma leve onda que sobe as areias da praia.
Pra piorar a situação, a jornalista revelou que esse fenômeno se deu não no Mar Vermelho, e sim “numa área do delta do rio Nilo, no norte do Egito, no encontro entre o rio e o antigo lago de Tânis.”
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Mar Vermelho, ao Centro, e o Delta do Nilo, no alto, à esquerda. Duas regiões bem diferentes |
Fica claro que essa matéria forçou muito a barra pra poder dizer que a pesquisa “pode explicar cientificamente a abertura do mar vermelho descrita no Velho Testamento”. Como se pode ver, ela apenas e tão-somente demonstra que em determinada região, ventos de 100 km são capazes de afastar águas de quase dois metros de profundidade. Qualquer coisa além disso, é sensacionalismo ou vontade de ver sua fé comprovada pela ciência, coisa que até agora, pelo menos no caso da abertura do Mar Vermelho, ainda não se deu satisfatoriamente.