A lenda de Sumé

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Pegada atribuída a Sumé

Os povos indígenas das civilizações e tribos pré-colombianas das Américas eram caracterizadas por levar muito a sério a sua mitologia e a sua cosmogonia. Dentre essas crenças, existia a curiosa devoção dos mesoamericanos a Quetzalcoatl - ou "Serpente de Plumas Verdes": um deus-homem, branco e barbudo, que teria vindo do Leste para ensinar aos indígenas muito antes da chegada dos espanhóis. O que pouca gente sabe, é que entre os indígenas do que viria a ser o Brasil, havia também uma lenda semelhante: trata-se de Sumé, o homem branco que veio antes dos portugueses e que teria deixado vestígios de sua passagem pela região.

Quetzalcoatl (acima, à direita) sempre retratado como um deus branco

Quando os portugueses chegaram ao território do que seria futuramente o Brasil, se surpreenderam com o relato de certos indígenas, que diziam ter sido visitados muito tempo atrás por um ser vindo do leste, com roupas brancas e longas barbas, que teriam ensinado a eles certas artes como o cultivo da mandioca. Os indígenas o chamavam de Sumé, ou Zomé. Quando Sumé resolveu criticar e proibir a poligamia e a antropofagia entre os índios, estes o expulsaram, obrigando-o a se dirigir para outras regiões. Relatos dão conta de duas versões para o seu destino: que ele teria voltado para o leste pelo mar, ou que teria partido para a região Andina, passando pelo Paraguai até chegar no Peru. Neste trajeto, ele teria construído a rota que ligava o litoral brasileiro ao Império Inca, que ficou conhecida como Peabiru.

Em vermelho, a Rota do Peabiru  (Cuzco-São Vicente)

Trecho da Rota de Peabiru

Arqueólogos confirmam a existência ainda hoje de trechos desta estrada, que em tempos remotos ligava Cuzco, no Peru, a São Vicente, no Brasil. Ela serviu de intercâmbio entre os indígenas das regiões por onde passava, sendo depois utilizada por portugueses e espanhóis. Mas a maior evidência atribuída a Sumé trata-se de pegadas que ele teria deixado ao longo da região do futuro Brasil. Muitas delas teriam sido destruídas, mas pelo menos algumas ainda existem e podem ser encontradas no Piauí em Domingos Mourão, Brasileira, Inhuma, Piripiri, Pimenteiras; em São Gabriel da Cachoeira (Amazonas); São Tomé das Letras (Minas); Ingá (Paraíba); Altinho (Pernambuco); Carolina (Maranhão) entre outros lugares. Foram mostradas pelos indígenas aos primeiros portugueses que aqui chegaram, que então trataram de associá-las a São Tomé, aproveitando-se da lenda de que o apóstolo teria viajado o mundo para pregar o Evangelho por regiões distantes e desconhecidas.

Portugueses associaram Sumé a São Tomé

A lenda de Sumé é envolta em mistérios e posibilidades. O mito de um sábio branco e barbudo que teria vindo do leste para ensinar os índios é atribuída à cultura indígena no período pré-colombiano, mas não se tem certeza se foi modificação posterior por força da imposição dos colonos europeus, ávidos a subordinar as entidades indígenas às suas próprias crenças. Também não seria absurdo supor que povos do leste tenham estado realmente entre os nativos antes da chegada de Colombo. O que não podemos saber ao certo é se Sumé, Quetzalcoatl e outras divindades seriam desses povos. Entretanto, o que sabemos é que os indígenas afirmavam categoricamente a existência de Sumé entre eles, e os primeiros portugueses como Padre Manuel da Nóbrega, Simão de Vasconcelos, entre outros, narraram estes relatos em seus documentos que podem ser checados hoje.


fontes: 
http://forum.portaldovt.com.br/forum/index.php?showtopic=93732&mode=threaded&pid=2145533
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sum%C3%A9
http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Sum%C3%A9
http://www.roraimaemfoco.com/colunistas/clio-boriola-colunistas-37/16968-artigo-sao-sume-um-andarilho-na-amazonia-hiram-reis-e-silva.html
http://www.novomilenio.inf.br/sv/svh010b.htm
http://www.xamanismo.com.br/Poder/SubPoder1191421937It001Ps007#top