A crença de que o mundo passará por uma catástrofe em escala planetária em dezembro do ano que vem é antiga. Diversas correntes místicas e...
A crença de que o mundo passará por uma catástrofe em escala planetária em dezembro do ano que vem é antiga. Diversas correntes místicas e esotéricas inspiradas em antigas lendas que convergem sobre 21 de dezembro de 2012 afirmam que a humanidade estará em sério risco de extinção, por conta de um evento cataclísmico da Natureza — de que tipo, entretanto, não existe consenso. A mais conhecida de todas é, sem dúvida, a Profecia Maia, que vem ganhando cada vez mais notoriedade conforme chegamos perto da fatídica data.
Esses dias, arqueólogos do mundo inteiro se reuniram em Chiapas, no México, para discutir sobre o calendário maia. Novas pesquisas apontaram que os maias não previram o “fim do mundo” para 2012, mas “simplesmente o regresso de Bolon Yokte” -- um dos deuses da mitologia maia que estiveram presentes no começo da era atual -- provavelmente para simbolizar a chegada de um novo ciclo — se a civilização maia não tivesse já desaparecido.
Existem grandes controvérsias a respeito do 21 de dezembro de 2012. Os indígenas Hopi também criam na profecia, mas é possível que a influência da civilização maia possa ter difundido a crença entre os indígenas que habitavam o sudoeste do que hoje é os Estados Unidos. Mas o que dizer da profecia tibetana? Difícil dizer que eles tiveram contato com a cultura maia em tempos remotos.
Kalachakra é um termo em sânscrito que se refere a práticas filosóficas budistas. Os escritores e documentaristas Jay Weidner e Vicent Bridges, no livro A Monument to the End of Time: Alchemy, Fulcanelli and the Great Cross, afirmam:
O Kalachakra Tibetano contém uma profecia que diz que 860 anos após a sua introdução no Tibete, que aconteceu em 1127, as condições estariam preenchidas para um período de vinte e cinco anos que culminaria no aparecimento da versão tibetana da Nova Jerusalém, a cidade secreta de Shamballa. Oitocentos e sessenta anos depois de 1127 é 1987 e 25 anos depois disso é 2012. Estas datas são também significativas em varias versões do calendário Maia
Mas para piorar a já enigmática confusão, no final no ano passado nós publicamos aqui no Rama um estudo onde foi mostrado que cientistas que recalcularam a conversão do calendário maia para o nosso, gregoriano, afirmaram que essa adaptação, feita séculos atrás, continha um erro de precisão de pelo menos 50 anos, para mais ou para menos. Parece que os arqueólogos de Chiapas não levaram esse importante detalhe em conta no último encontro.
Todas essas controvérsias e confusões são fáceis de entender. Tratam-se de uma batalha ideológica, entre céticos em busca da veracidade fria dos dados concretos, e aqueles que enxergam misticismo e divindade nas antigas profecias. É a influência da nossa base judaico-cristã, que sustenta crenças milenaristas e apocalípticas, contra a nossa outra base iluminista, que desde o século XVIII nos ensinou a enxergar o mundo sob uma ótica científica. Quem vai vencer essa batalha? As apostas se encerram em 20 de dezembro de 2012.
