É bastante comum, nestes tempos pós-modernos, ouvirmos as pessoas dizerem: “esta é a sua verdade”; “esta é a minha verdade”, admitindo que...
Existem muitas concepções filosóficas sobre a verdade, dentre as quais podemos delimitar quatro teorias principais: teoria da correspondência, da coerência, do pragmatismo clássico e da verificação ideal (em parte, pragmatista). Não vamos entrar em detalhes para explicar cada uma das complicadas teorias; vamos, numa linguagem simples, tentar explicar resumidamente como funciona a verificação da verdade de acordo com a Filosofia da História.
Verdades relativas, parciais, subjetivas...
Outra coisa importante: não pode haver verdade subjetiva. Se aceitarmos a definição clássica da verdade descrita acima, a junção do substantivo verdade com o adjetivo subjetiva constitui-se numa tremenda contradição. Em ciência, toda a verdade deve ser válida universalmente, não para um indivíduo ou um grupo de indivíduos. Neste caso, o que é válido e o que devemos buscar é a verdade intersubjetiva, que é justamente a verdade que vale para todos, independentemente de crenças, posições políticas, etc..
A verdade intersubjetiva tem a vantagem de vencer as proposições relativistas. Só podemos admitir uma verdade como relativa no sentido de que não existe uma verdade absoluta. Todas as verdades são parciais, (nem por isso, falsas. São verdades objetivas) podendo (e devendo) ser aprimoradas, enriquecidas e modificadas conforme aumente o nosso conhecimento sobre determinado objeto. O conhecimento é um processo infinito de acumulação de saber, e portanto a verdade também é um processo infinito, não podendo ser atingida por um ato cognitivo. Neste sentido, é bom desconfiar de quem se diz portador de um conhecimento dado, pronto, imutável, eterno e revelado, pois ele é sustentado em bases frágeis como a fé, a vontade ou o engano.
A Filosofia da História, se aplicada em nosso dia-a-dia, pode nos ajudar a vencer muitas armadilhas das propostas relativistas, que coloca todas as proposições e juízos como válidas num mesmo patamar. Pois quem aceita que existam muitas verdades, acaba aceitando uma verdade diluída num mar de falsidades. A quem pode interessar esta renúncia à busca racional da verdade?
Fonte de consulta: SCHAFF, Adam. "História e Verdade". São Paulo, Martins Fontes, 1996.